Canções

Contado por Ilda
Categoria B

Vive na Ferraria, esteve fora em Mira Aire pouco tempo. A família é de cá, pais, avós.

O pai foi para o Brasil, nem o conheceu e morreu lá. Tinha lá família.

Ia com a mãe e a irmã, para as sobreiras, apanhar urze para fazer o lume, para a comida. Faziam molhos de urze para carregar. os grandes eram jugados encosta abaixo. Primária no Favacal. Mocidade ir para o Ribatejo para o tomate, searas de arroz, vinhas e azeitona, antes do casamento. Ficavam à temporada. Só passavam o Inverno em casa. Mãe matava o porco, conservava no sal e dava para todo o ano. O avô tratava das terras para o milho. Faziam broa de milho e centeio. Todas as casas tinham forno.

Ciclo do Centeio: guardado em Julho. Malhado para sair o grão e ficar limpinho. Carregavam à cabeça ou com os bois do avôs para carregar. Quando o avô deixou de puder, contratavam um senhor para lavrar e pagavam-lhe.

Comiam sopas com a broa a acompanhar, aferventado, com feijão. Sardinha ou peixe rareava, iam ao Avelar comprar.  Ainda hoje come assim, não vai muito para o arroz e as massas.

Infância

Em miúda ir para a escola com um lanchezinho, broa e azeitonas como conduto (ainda havia  oliveiras a dar). Lagar nas Grocinas. Brincadeiras, bailarico com acordeão, cantar nos campos a trabalhar, por ex: António Mourão - Oh tempo volta para trás. Ouviam na rádio, aprendiam e cantavam. Músicas originais daqui? Não. As décimas é que sim. Regavam e diziam as décimas. Referiam pessoas que passaram por coisas difíceis. Ex (não fixei):

Adeus Amaro do Pisão
Corado como a romã
foi um dia ...com uma doença
...e foi para a Golegã.

A dum vizinho:
Senhor José Tareso
Para tocar tinha valia
Foi nascido e criado no lugar da Ferraria
Lugar da Ferraria, Ferraria de São João
Foi um dia para a azeitona o capataz era o Brandão.

Pelo riacho, roubou um metro de corda a um certo lojista e levou uma carga de porrada…

Namoros: por cartas...iam à tropa ou estavam para fora… O marido também era daqui. Acompanhou pouco os filhos. Entregava-se à bebida…Tocava fauta [gaita de beiços]. Por vezes tocava por aí. Nas festas vinha alguém contratado (acordeonista).

Tem 3 filhos, uma na Camarinha e dois na Suiça. Uma filha já tem casa no Avelar para quando voltar.

Futuro: meninos da aldeia estudam, um dia vão para fora, como todos foram.

Os terrenos ficaram todos por amanhar. Já não se põe batata. A paisagem estava toda diferente, tudo verdinho nesta altura do Verão, amanhadinho com milho, batatas, feijão. Pessoas orgulhosas nas terras. Perdeu-se. A irmã veio busca-la para enfardar…”a nossa vida não é isso”, diz a Nélia.

Meninos, gosta muito de ouvir e ver a brincar. Lembra os dela.

ver todas Anterior Seguinte