Sucateiro

Contado por Jesubino
Categoria B

Oficina dele. Sucateiro. Separação de parafusos com um iman...cobre...

200kg de plástico entregue no Camporez - para aproveitar - mas não pagam.

Aqui é que é o meu paradeiro

Vive e é natural da Ferraria. Viveu uns anos em Moçambique (foi aos 12 anos, fez lá a tropa) e outros em França (aos contratos) “mas aqui é que é o meu paradeiro!” Mãe e pai tb daqui. 5 irmãos. (António é o irmão)

Lembranças de novo: Moçambique é que deixa saudades. “Mais valia lá ter morrido!”

O que falta na Ferraria: saúde...o resto vai passando…”Um dia de cada vez, o de hoje está-se a ver. O de amanhã a ver vamos.”

Vida na Ferraria: era a 100%. O pai, o Mendes, em Moçambique tinha uma serração, era afiador de serras e de lâminas. Ele esteve na Holanda (país mais lindo) e aí é que aprendeu a ser sucateiro.

Faz falta uma tasca lá em cima, para beber um cafezinho, um tintinho bom, uma cervejita, para o convívio ao fim de semana. Não gosto de ir para fora. Agora vou à casa do Zé e o Zé vem à minha.

Brincadeiras: carros de 3 rodas. Faziam as descidas. No fim os velhos faziam-nos deitar aquilo fora. Ele, o Valdemar (irmão do Carlos) (fizeram a tropa juntos)

Festas: Sra. Fátima, o serramento da velha  - serra e chocalhos para fazer barulho. Faziam uma turma. Tem saudades. Era um divertimento. Como o cantar os Reis.

- o partimento do burro, pelo Carnaval. Separavam, o fulano de tal fica com o rabo, o outro com a barriga, etc.

Campos: chamar uma peste para matar as silvas e as ervas, outra para as mimosas, outra no pinheiro bravo e …para não ficar mal visto, no eucalipto. Ficaria tudo limpo. O meu pai tinha sobreiras mas com a morte dele perdi-as. Algumas foram vendidas para a Associação.

Futuro: não é nenhum. umas cabrazitas. nas terras não há ninguém. fica tudo para os veados e para os javalis.       

Histórias: havia antigamente, agora já não. Lobos, contava o Serafim, o pai do Manel. Ele punha veneno. Atacavam os rebenhas, principalmente as ovelhas, mais lentas. De manhã tocava o búzio, todos punham os rebanhos para fora dos currais para pastar e lá vinha o lobo atacar. Soltavamos os cães para correr com o lobo. É silencioso mas o silêncio diz muito. “Graças a Deus!”.

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