A aldeia está sempre no mesmo sitio.
Nasci em Alvaiázere, freguesia de Puços. Vim para aqui para ao pé da minha mulher, Lucília, em 1969, com 19 anos. Ela é que era de cá. “o vento é que me empurrou de lá para cá, tá a ver?”, um namorisco e acabámos por casar. Ele trabalhava numa cerâmica, no Pontão. Depois mudou para firma no Avelar. Ela trabalhava na agricultura. Ele só ajudava aos fins-de-semana. Faz falta estar tudo cultivado. Hoje só se vê mato e silvas, praticamente. Cultivavam milho, batata, feijão, para consumo próprio.
Hoje somos poucos mas somos bons. Ao recuperarem as casas está a vir pessoal de fora. Uns estão cá a morar, outros vêm aos fins-de-semana.
Futuro: haver mais juventude. se a malta comecar a gostar disto, é ter mais juventude. Habitar as casitas que por aí estão… Acabar obras inacabadas, as calçadas,...Roma e Pavia não se fizeram num dia. Costuma-se dizer.
Filhos: “Anda para aí uma. Vai fazendo rir o pessoal.”
“Só é pena o pessoal ser poucochinho. Tenho impressão que isto vai...Houve um tempo com 2000 para cima cabeças de animais - ovelhas e cabras. Cada um ia tomando conta do rebanho no dia que lhe pertencia. E foi diminuindo…”
1º projeto (ainda com o Fernando Antunes) reconstrução de casas que estavam quase a cair. Pessoal que veio de fora comprou. Outras estão por vender. A ver que a coisa vai melhorar. Com a ajuda da Associação, também há esperança no futuro.
Gostos: da maneira de ser das pessoas, dão-se bem uns com os outros. “Qualquer coisa que seja preciso, a gente dá as mãos uns aos outros, unem-se, pedem opinião e conversam.” Exemplo: a história do boi no poço já é anterior a ele. O ajudarem-se uns aos outros, principalmente ao fim-de-semana, que durante a semana estavam para os empregos, o custar dizer que não a dar uma mãozinha na agricultura…
Rendimento: ele trazia o ordenado. Ela cultivava para a família. A pecuária também.
A electricidade só chegou em 1970, um ano depois dele. A água vinha de uma mina, para os tanques, com muito ferro.
Festas: pediam para as festas porta em porta. 3 dias de festa - sábado, domingo até segunda. Organização: 4 pessoas. Ergueram a capela com a ajuda da CMP, que mandaram operários. “Lutámos como leões!” Nossa Sra. Fátima, padroeira, 1º. Depois mudou para São João, na capela mais longe, o Santo que desaparecia para o São João do Deserto. Há muitos anos não se faz a festa. Gostava de a ver antes de ir para o buraco… Havia sempre um bailarico. O pessoal dançava no largo da Capela ao pé do centro de BTT. Havia um barracão do Zé Sapateiro, onde é o centro de BTT, onde decorria a festa. Havia sempre carne, frango, vinho, sumos,... Havia um individuo que fornecia tudo para nós vendermso. Faziam arcos enfeitados com rosas em papel. Os preparativos seriam 2 a 3 semanas. o tempo de que dispúnhamos. Ninguém ganhava dinheiro na organização. No dia, em Agosto, vinha o padre, havia procissão.
Faz coleções. Teve abelhas. Chegaram a ser 11 colmeias.
“Quem contaria bem as histórias eram os indivíduos que já faleceram.” Muitos acontecimentos já nos contaram a mim.
Não sabe o destino do neto, se fica se vai para fora.
Futuro: o pessoal de fora vir povoar as casas vazias.
Turismo nesta aldeia? É mais ao fim-de-semana e feriados, quando o pessoal está disponível. Para mim é bom ver pessoal aí a passear, é bonito, falar um bocadinho, dar indicações, a sinalização não está assim muito bem. Só traz negócio se houvesse aí um estabelecimento. Está em projeto…não se vê andamento.